Matéria publicada no Correio Braziliense, por Carolina Samorano, em 30/12/2010.

Alonga, torce e puxa

O GYROTONIC®, aparelho criado por um bailarino romeno, trabalha força, alongamento e consciência corporal com o mínimo de esforço, aliando movimentos da ioga, do balé, da natação e do tai chi chuan.

Sempre que surge por aí uma novidade que promete livrar os preguiçosos do sedentarismo e da flacidez e ainda por cima sem que eles precisem sequer chegar perto da academia, faz-se um reboliço. Promessas de que “dessa vez a coisa vai” é que o que não falta.

Pois a Revista traz uma boa notícia: O GYROTONIC® pode entrar na sua lista de resoluções anti-preguiça de 2011. De nome complicado e aparência de aparelho de tortura medieval — de madeira, com um sistema de couro, cordas, roldanas e manivelas — ele, na verdade, é considerado um exercício completo para o corpo e, mais que isso, um forma de reeducação física. Trabalha força, flexibilidade, condicionamento físico, amplitude de movimento, postura e consciência corporal numa só tacada — ou sessão de uma hora, aproximadamente. E, além de tudo isso, pode ser a resposta para os indecisos sobre que modalidade escolher, já que mistura movimentos da natação, da ioga, do balé e do tai chi chuan.

“Muito mais que um exercício, o GYROTONIC® é uma linguagem”, explica a bailarina e fisioterapeuta Rita Renha, responsável por trazer a técnica para o Brasil há mais de 10 anos. Rita é uma ferrenha defensora do equipamento. Conheceu a engenhoca quando ainda dançava nos Estados Unidos e fez uma lesão no joelho.

“A maior dor do atleta e do bailarino não é a dor da lesão, e sim a do medo de ter que parar de fazer algo que ama”, reflete.

Foi assim que conheceu o trabalho do bailarino romeno Juliu Horvath, inventor da técnica. “Ele era usado como um complemento no treinamento de atletas de alta performance e de bailarinos, mas eu vi nele uma forma de me recuperar da lesão sem ficar parada”. Quando voltou ao Brasil, depois de descobrir movimentos que a gente nem sabe que o corpo é capaz de fazer e se recuperar da lesão, Rita pediu autorização aos mentores para importar a técnica, e trouxe o GYROTONIC® junto com ela na bagagem.

Por ser um exercício de impacto leve — ou quase nenhum — nas articulações, o GYROTONIC® é recomendado mesmo para quem tem lesões na coluna, ombro ou joelhos, como foi o caso de Rita. Portanto, com ele, quase nada é motivo para ficar parado.

“A gente tira o peso daquela articulação e estimula as outras. O corpo mesmo se cura, ele é inteligente. É só dar um cutucão”, explica. Idosos, crianças e grávidas a partir do terceiro mês de gestação também estão liberados para praticar a modalidade, que é bem “democrática”, como incentiva Rita.

A diferença está no treino, preparado especificamente para cada caso e baseado nos objetivos e condições físicas de cada um. Por isso, inicialmente o ideal é que as aulas sejam individuais: só o instrutor — geralmente um fisioterapeuta ou bailarino certificado — e o aluno. De maneira alguma, os movimentos no GYROTONIC® refletem as repetições monótonas que a maioria dos exercícios tradicionais de academia impõem.

Na prática, é um exercício e tanto de vira, torce, alonga e puxa. O resultado, segundo Rita Renha, é bom tanto para os atletas quanto para quem não quer nada com quadras, tatames e palcos.

“As torções ajudam, por exemplo, a aperfeiçoar os movimentos de saque do vôlei, do tênis e do golfe. E, para quem não é atleta, é bom para a vida. Carregar sacolas, dar a marcha a ré no carro, tudo vai ficar mais confortável”, atesta a especialista.

Para quem tem pânico só de pensar naquela dorzinha muscular da academia, não pense que dá para ficar livre dela no GYROTONIC®. O trabalho em cadeia (vários grupos musculares ao mesmo tempo), típico da modalidade, não vai fazer com que você saia “quebrado” de uma aula, segundo Rita, mas a sensação de corpo trabalhado é inevitável.

“É uma coisa de corpo mexido. Parece que mexe lá fundo, nas moléculas. Aprendemos a respeitar nosso corpo justamente para alcançarmos mais. É uma forma natural de ensinar o corpo a chegar onde você quer que ele chegue, sem demandar do coitado mais do que ele pode”, ensina Rita.

Parece, mas não é

Enquanto no Pilates a respiração é mais difícil, no GYROTONIC® trabalhamos com a respiração natural, a qual estamos acostumados. A diferença está também nos movimentos. Segundo Rita Renha, enquanto no GYROTONIC® a estabilização dos movimentos é dinâmica e orgânica, respeitando os limites do corpo, no pilates essa estabilização é mais estática.

“São filosofias bem distintas. No GYROTONIC®, os movimentos são circulares e o centro da força está no tronco.”

E, se há diferenças, as semelhanças, embora bem distantes, também existem. Além dos benefícios do exercício para o condicionamento físico, a postura e a respiração, o GYROTONIC® tem modalidade solo, o GYROKINESIS®, que trabalha principalmente com os movimentos da coluna e seus sete elementos: flexão, extensão, flexão lateral para a esquerda e para a direita, rotação para a esquerda e para a direita e circular.

“Tanta movimentação assim resulta no aumento da circulação, do espaço e da mobilidade articular, além do alinhamento da estrutura óssea”, segundo Rita.

Cuidados

Apenas profissionais certificados podem aplicar o método. Geralmente são fisioterapeutas, bailarinos e professores de educação física.


Matéria Completa: http://gyrotonicbrasilblog.com/reportagens/Materia-Gyrotonic-Correio-Braziliense.pdf