Matéria do jornal O Globo | Caderno Zona Sul, por Isabel Kopschitz, em 26.07.2007
Depois de conquistar artistas, método de condicionamento físico que mistura princípios de ioga, tai chi chuan, balé e natação se populariza entre os cariocas
Arte de se exercitar e ir além. É o que preconiza o GYROTONIC®, método de condicionamento físico que está conquistando os cariocas e que se baseia nos princípios básicos de ioga, tai chi chuan, ballet e natação. Os exercícios -rítmicos, circulares e integrados à respiração- são praticados em aparelhos especialmente desenvolvidos para esse fim.
Criado no fim dos anos 70 pelo romeno Juliu Horwath, o GYROTONIC® começou a fazer a cabeça dos moradores da Zona Sul mais recentemente, apesar de ter sido trazido ao país em 1999 pela bailarina Rita Renha. A popularização do método se deve, em grande parte, à adesão da classe artística, que o adotou como complemento ou mesmo alternativa aos exercícios convencionais.
“O trabalho faz uma conexão com o corpo que você tem, e não com um dionisíaco, que você gostaria de ter. Para mim, é uma terapia” – diz o ator Diogo Vilela.
Segundo o ator, que pratica o método desde 2004, as aulas o ajudaram a melhorar a sua performance nos espetáculos: “No palco, a gente precisa de um pêndulo interno. O equilíbrio do corpo é fundamental para a transmissão da palavra. Considero o GYROTONIC® uma necessidade, porque amplia as possibilidades corporais – diz Vilela, logo após a sua aula semanal, no GYROTONIC® Instituto Brasil.
De acordo com a bailarina Rita Renha – que faz parte do seleto grupo de mestres em todo o mundo autorizados a conceder certificação aos novos professores do método -, a filosofia do trabalho é conseguir o máximo de performance com o mínimo de esforço. O resultado, diz, é uma redescoberta dos movimentos mais fisiológicos do corpo, que as pessoas acabam desaprendendo no dia a dia.
“O ‘músculo’ que o método mais enrijece é o da inteligência. Aprendemos a não gastar energia à toa e a direcioná-la ao que nos interessa naquele momento” – explica Rita, precursora da técnica no Brasil e fundadora do GYROTONIC® Instituto Brasil, onde dá aulas e forma profissionais da área.
Outra artista que se encantou pelo gyro é a bailarina Renata Versiani, da Companhia de Dança Deborah Colker. Além de praticante, ela é certificada como GYROTONIC® Trainer pelo GIB desde 2011. Renata atribui à prática do método o fato de não ter sofrido qualquer lesão durante as temporadas dos espetáculos “Nó” e “Dínamo”.
A bailarina acredita que reeducou seu corpo, após começar as aulas de GYROTONIC®. Entre os componentes da companhia, ela foi a única que não se machucou nas últimas temporadas. Desde então, garante ela, seu desempenho no palco se superou.
“Sinto que meu corpo está mais preparado para todos os movimentos, tem maior prontidão para responder a eles. Ampliei minha mobilidade articular e a força. É um processo fisioterapêutico”, afirma ela, que foi a grande incentivadora dos colegas que agora também praticam o método. “Trabalhamos com muito impacto, então é normal que ocorram lesões.”
Mas não são apenas os artistas que estão conhecendo e aprovando o GYROTONIC®. A advogada Tania Liege Guimarães pratica os exercícios e descobriu o método quando o médico de seu marido indicou a ele, com o objetivo de melhorar a postura e, conseqüentemente, as dores na coluna.
“Esse método é o que reúne tudo o que gosto em atividades. Mas ele é melhor, porque mantém a mente ligada e o corpo em harmonia. Além disso, não sinto qualquer desconforto” – atesta Tania, que vai às aulas duas vezes por semana. Ex-praticante de ioga, pilates e musculação, Tania explica que o GYROTONIC® é uma atividade muito mais prazerosa.
“Acho a musculação muito robótica. A ioga tem algumas posições desconfortáveis e o pilates é muito cartesiano, você pode praticá-lo com a cabeça em outra coisa. O GYROTONIC®, ao contrário, só pode ser praticado se corpo e cabeça estiverem conectados” – explica.
A sensação de estar dançando foi o que encantou precursora do método no Brasil, a bailarina Rita Renha. Quando estava em Nova York, em 1991, dançando um musical, ela rompeu um ligamento do joelho teve que interromper temporada. Um amigo coreógrafo a aconselhou praticar o GYROTONIC®.
“Pensei que ia ser chato fazer exercícios num aparelho. Mas cheguei a chorar, porque parecia que eu estava dançando. Vi que não era um aparelho convencional, que permitia que eu sentisse o prazer do movimento e até da relação com o partner” – conta.